quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Relato de Experiência no Projeto Diversificar- Cachoeira do Sul/RS


Gustavo- Charqueadas- Perto da cidade; Luis Freo e família- Bosque



Ivo Viegas- Localidade Bosque: Hildo Aires da Rosa- Cerrito

Martin - Tecnólogo em Agropecuária (UERGS); Maria Loreni- Bosque

Minha experiência com a agricultura familiar iniciou-se com meu estágio na Cooperativa Agrícola Mista General Osório- Cotribá através de ações extensionistas de visita de assistência técnica as lavouras de monoculturas, posteriormente atuando como auxiliar administrativo da mesma, mas meu contato com os agricultores familiares durante todo período de colaborador foi insignificante, fato que me deixou muito frustrado, pois a cooperativa é mais uma empresa voltada para o agronegócio e para venda de insumos para as lavouras que visam apenas lucros às multinacionais e favorecimento dos seus gestores e fornecedores, não contemplando o cooperativismo que visa benefícios a todos os associados, por que essas práticas nunca visaram uma sustentabilidade ambiental e nem econômica dos agricultores. Atualmente incentivadas pela a cultura da soja e do fumo várias empresas estão migrando para a região que oferecem a venda de um pacote tecnológico e assistência técnica gratuita, ações desse cunho por parte estatal inexiste e as poucas são destinadas a alguns privilegiados, muitas vezes, com condições financeiras favoráveis para esse fim.

Estando dentro da universidade como acadêmicos sempre tivemos na ponta da língua os conceitos bem definidos que permeavam a agricultura familiar baseados em autores que definiam seu conceito e sua importância, que é a principal responsável pelo abastecimento de alimentos no país com sua produção diversificada. Entretanto a agricultura familiar na região de Cachoeira apresenta várias características devido à grande extensão de área do município que estão inseridas as localidades que se encontram as famílias dos agricultores, essas particularidades determinam várias tipificações devido às etnias e as atividades desenvolvidas.

Na região Sul do município, nas localidades entorno da BR 290 e no seu interior, a agricultura familiar está representada por um pequeno número de famílias, pois a maioria dos chefes de famílias trabalham nas lavouras de soja e arroz e nas fazendas voltadas para a pecuária como empregados, com isso não tem a cultura de cultivar/produzir alimentos para seu consumo nas propriedades, sendo necessário a compra de alimentos como hortaliças dos ônibus ambulantes ou até mesmo do quilombo que existe nessa localidade. Os chefes de famílias oferecem mão de obra que é utilizada pela agricultura patronal, devido a distância muitos justificam a opção de não produzir hortaliças, pois não tem como escoar a produção.
Em torno da cidade apresenta várias famílias que cultivam hortaliças e leite para venda direta aos consumidores via feira livre ou em mercados e armazéns, no caso do leite as condições são precárias tanto na questão de sanidade animal e condições de infra- estrutura de instalações, porém ainda é uma forma de ganho dos agricultores e complemento da renda. Na região Norte, nas localidades em torno da BR 153 e no seu interior encontra-se uma grande quantidade de produtores de fumo como principal cultura de ganhos econômicos, pouca diversificação de produção de alimentos, sendo destacada uma grande diversificação de culturas nas propriedades de agricultores descendentes de alemães e italianos.
A grande maioria destes agricultores criam animais de pequeno porte e cultivam a terra com animais de tração, a venda de alimentos e animais e os trocam; trocas são práticas comuns entre eles, também se utilizam de empregados safristas que determina outra classe definida no município que também sustentam muitas famílias permanecendo no interior de Cachoeira do Sul, alguns já tem maquinários adaptados a agricultura familiar como pequenos tratores financiados via financiamentos do PRONAF. Minhas conclusões são baseadas nas minhas visitas de assistência técnica do projeto de ATER que participo denominado DIVERSIFICAR, esse projeto é feito em parceria com o SEBRAE, COOPERTEC-SC, FETRAF-SUL e MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO-MDA, que contemplam os três estados do sul com 135 técnicos que atenderão 13.500 famílias, nessa primeira fase será de diagnóstico das propriedades e a segunda fase será de desenvolvimento de projetos para as unidades de referências, atuo como técnico de ATER no município, sobre a supervisão de um consultor do MDA.

Além das minhas atividades, o projeto oferece oficinas e treinamentos aos técnicos. Os principais entraves dos projetos são: a) o não entendimento dos dirigentes da entidade de classe que oferece apoio em Cachoeira do Sul do projeto; b) os mandos e desmandos da coordenação do mesmo. Há um consenso entre dos diretores que com a nova lei de ATER assinada pelo o Presidente que esse projeto possa continuar por mais tempo, mais ainda é cedo para tirar conclusões. Porém para mim a experiência esta sendo válida em todos os setores sendo ambos, o profissional e pessoal, mudei vários conceitos sobre a agricultura, além de aprender muito com os agricultores nas relações interpessoais, com certeza essa oportunidade está contribuindo em muito na minha formação como Tecnólogo em Agropecuária e futuro Extensionista, ou seja, está sendo muito gratificante porque no campo que está a realidade nua e crua.

Martin Alencar da Rosa Dorneles
Tecnólogo em Agropecuária – UERGS
CREA RS 162135

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